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O ensino de Arte Digital, é algo inédito na periferia de São Paulo. O arrojo da proposta feita pelo projeto Telecentros, deve ser vista com bons olhos por aqueles que acreditam no ensino da arte como ferramenta de troca de conhecimentos e aproximação entre as diferentes pessoas desta cidade e do mundo.

Recentemente, iniciei o trabalho de multiplicação para oficineiros da região sul. A maior parte dos participantes conhecem as ferramentas, já tentaram usá-las, mas por falta de conhecimentos as deixavam de lado.

O primeiro passo para o usuário do Telecentro tomar contato com o mundo digital é o curso de informática básica. Daí para frente, outras oficinas são propostas (Arte Digital, Comunicação Comunitária, Pesquisa na Rede, Criação de Sites, Educação Ambiental, Capacitação para Inserção no Mundo do Trabalho e Serviços Públicos na Internet) para o usuário que pode optar entre uma atividade ou outra, aumentando assim seus conhecimentos em outras áreas.

Neste panorama incluem-se os oficineiros que são os multiplicadores das oficinas, intermediando a atuação da Equipe de Atividades, proponente das oficinas, e os usuários, àquem elas se destinam.

Nas observações que tenho feito diariamente, desde o início do trabalho, venho percebendo, que muitos usuários espontaneamente, buscam através de um trabalho mais artístico, expressar se, desenvolvendo trabalhos criativos, que se instrumentalizados devidamente, mostrariam todo seu talento e potencial criativo.

É neste sentido, que vejo a importância do ensino da arte à este usuário, como forma de instrumentalizá-lo com novos conhecimentos, proporcionando ao mesmo o desenvolvimento de suas idéias, exercitando assim sua criatividade e percepção.

Outro fator importante, é que ao mesmo tempo, este usuário tem a oportunidade de usar os softwares livres, até então, com seu uso pouco conhecidos ou utilizados, para a geração de seus trabalhos nos locais mais diversos da periferia de São Paulo, onde sabemos que as oportunidades, são na sua grande maioria, raridades.

By rosangelaap at 29/04/2004 - 18:52 publicado no site A Gente na Rede www.agentenarede.org

Nos meios artísticos, a Arte Digital revela-se como uma nova proposta de produção de arte. Nova em relação a outros meios como a pintura ou a escultura. No Brasil, suas primeiras obras surgem a partir da década de 70, com os trabalhos de Waldemar Cordeiro. Suas possibilidades são múltiplas, demandando a este novo artista o conhecimento da utilização de programas (softwares) de edição e manipulação de imagem ou desenho, além de noções ou conhecimentos em história da arte. Porém, o alto custo dos programas e equipamentos, muitas vezes, torna esta forma de expressão exclusória e limitante, deixando de fora ou para trás novos talentos e potenciais artistas nesta nova mídia.

A rede internacional de computadores é o meio mais utilizado na divulgação desta forma de arte, com museus virtuais, experiências colaborativas, entre outras propostas. Praticamente, não há custos para veiculação e um número muito grande de pessoas são atingidas simultaneamente, fazendo com que um artista no Brasil possa, por exemplo, apresentar seus trabalhos para um australiano e vice-versa. Embora, haja todas essas facilidades, ainda assim, o acesso, o conhecimento e a produção em Arte Digital são limitados a um rol de artistas ou designers em todo o mundo. Ainda neste panorama, há uma corrente de artistas que resiste à idéia de obras de arte criadas a partir do uso de programas de computador.

Neste sentido, é importante frisar a iniciativa inovadora do projeto Telecentros em proporcionar aos usuários uma oficina de Arte Digital gratuita, utilizando softwares livres e o ensino de história da arte.

Conceber uma oficina de Arte Digital não foi algo fácil. Foram inúmeras dificuldades, principalmente, em relação a conteúdos para pesquisa, pois como é algo novo, pouco foi estudado sobre o assunto aqui no Brasil e são raros os artistas que produzem arte neste território. Mesmo assim, aceito o desafio, o trabalho foi estruturado de uma forma que não fosse apenas um “curso de informática”, mas um trabalho pelo qual o usuário tenha a possibilidade de produzir através de suas vivências e experiências de vida, uma obra única.

publicado em 23/04/2004 no site:www.agentenarede.org por Rosângela Ap - Orientadora da Oficina de Arte digital no projeto Telecentros